Falar em ética não é uma tarefa fácil no Brasil. O brasileiro nunca teve a boa fama de praticar condutas éticas no dia a dia, ou seja, seguir um conjunto de princípios com base na honestidade, na transparência e em ações positivas à coletividade.

Um estudo divulgado em 2016, pelo Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Educação Continuada (CPDEC), em parceria com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), revela que 90% dos mais de 800 profissionais entrevistados não denunciariam condutas antiéticas no ambiente de trabalho.

A pesquisa foi feita tanto com funcionários de empresas privadas, quanto com servidores públicos. Aliás, os trabalhadores também alegam que cerca de 50% dos empregadores agem “por baixo dos panos” em relação aos agentes governamentais, com a oferta de gorjetas, por exemplo.

Por que o comportamento antiético acontece?

A resposta está no próprio ambiente organizacional das empresas. Ou, em outras palavras, na cultura organizacional dos ambientes de trabalho. Isso perpassa, é claro, pela formação dos gestores e dos funcionários e pela atuação permanente com a sociedade.

Uma organização que pretende crescer com qualidade e ser vista como transparente precisa praticar a ética em suas relações. Na prática, isso significa apresentar um bom trabalho, negociar com honestidade e combater o senso comum de que é preciso “tirar vantagem de tudo”.

É claro que uma organização empresarial visa o lucro. Isso não quer dizer, porém, que ela precisa burlar legislações para conseguir o que deseja ou para ser reconhecida no mercado. Muito pelo contrário.

Empresas de construção civil, por exemplo, devem seguir as normas ambientais para que os empreendimentos apresentem responsabilidade social. Afinal, o respeito ao meio ambiente e às práticas sustentáveis interessam a todos, pois o próprio empreendimento se valoriza quando há, em seu histórico, a conduta ética.

Como perceber a importância da ética empresarial nas relações?

• Maior competitividade de mercado: empresas com condutas éticas constroem relações melhores com fornecedores, clientes e equipe. As ações positivas são percebidas pelos entes com as quais as organizações negociam.Com a popularização das redes sociais, por exemplo, é fácil para os clientes avaliarem como negativas determinadas atitudes. Isso acaba comprometendo a imagem da empresa e influenciando o comportamento de outros clientes, que podem deixar de comprar ou consumir produtos.
• Líderes éticos influenciam a equipe: o trabalho idôneo é tido como uma inspiração para a equipe. Importante ressaltar, porém, que não basta falar sobre esses princípios, mas é preciso colocá-los em prática. A transparência e a humildade são palavras-chaves que motivam outras pessoas.
• Equipe motivada de verdade: os índices de rotatividade dos funcionários, no Brasil, costumam ser altos. O chamado “turnover” aumentou mais de 80% no país desde 2010, de acordo com os dados de uma pesquisa global da Robert Half. Dentre as causas está a preocupação com o futuro da empresa, o que perpassa pelos valores éticos.Ou seja, empresas sem perspectivas de futuro, sem planejamento e sem condutas de como agir com responsabilidade perante a sociedade não são atrativas para funcionários. Com isso, a rotatividade cresce e os custos empresariais aumentam.

O que as empresas devem fazer para serem éticas?

Para conseguir pôr em prática uma conduta ética, muitas empresas adotam um Código de Conduta ou um Código de Ética. No documento, as organizações evidenciam quais os valores e princípios que devem ser seguidos por todos.

Além da elaboração, é preciso divulgá-lo para que todos os membros consigam perceber o documento como um guia de boas práticas para o negócio. A participação da equipe também é fundamental.

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